FONTE: InfoMoney
Acompanhando o restante do mercado financeiro, o Ifix, índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados na Bolsa brasileira, fechou mais uma sessão em queda – a terceira consecutiva – refletindo as preocupações com a condução fiscal do país. Foi a pior semana do índice desde meados de agosto.
Ao longo de todo o pregão desta sexta-feira (22), os investidores acompanharam as discussões sobre mudanças no teto de gastos do governo federal para acomodar os recursos do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que substituirá o Bolsa Família. Por volta das 13h, o Ifix chegou a cair 0,79%, mas depois recuperou parte das perdas e fechou em baixa de 0,46%, aos 2.712 pontos.
Desde a última segunda-feira (18), o Ifix acumula perdas de 1,14%, o que representa a pior semana para o índice desde agosto – o indicador teve queda de 1,30% na semana iniciada em 15 agosto. Na oportunidade, o mercado ainda digeria a proposta de tributação dos rendimentos dos fundos imobiliários que, mais tarde, seria retirada do texto de reforma do Imposto de Renda.
“O Ifix está em linha com o aumento da aversão ao risco no Brasil. Estamos vendo a curva de juros abrindo, dólar subindo, Bolsa caindo e o Ifix acaba sofrendo também”, afirma Isabella Stella Suleiman, analista de FIIs da Genial Investimentos. “De forma geral, não há impacto nos fundamentos dos fundos imobiliários. O que aconteceu mesmo foi uma venda para buscar segurança em ativos de renda fixa ou fora do Brasil”, explica.
Dos 103 fundos imobiliários que compõem o Ifix, apenas 19 terminaram a última sessão da semana no positivo. Confira os destaques:
Maiores altas desta sexta-feira (22)
Ticker Nome Setor Variação (%)
(HSLG11) HSI Logística Logística 1,8
(AIEC11) Autonomy Edifícios Lajes Corporativas 1,76
(KFOF11) Kinea FoF Títulos e Val. Mob. 1,63
(BBPO11) BB Progressivo Lajes Corporativas 0,65
(GGRC11) GGR Covepi Renda Logística 0,49
Maiores baixas desta sexta-feira (22)
Ticker Nome Setor Variação (%)
(BLMR11) BlueMacaw Renda + FoF Títulos e Val. Mob. -4,1
(RBRL11) RBR Log Logística -2,96
(XPCM11) XP Corporate Macaé Lajes Corporativas -2,81
(RBRF11) RBR Alpha Títulos e Val. Mob. -2,36
(BRCR11) BC FUND Híbrido -2,25
Aos cotistas, analistas sugerem cautela diante do período de maior volatilidade na bolsa de valores. Segundo eles, os fundamentos dos fundos imobiliários estão mantidos apesar do pessimismo gerado pelas incertezas políticas e fiscais e que a queda no valor das cotas, no momento, não deve ser encarada necessariamente como desvalorização do patrimônio.
“Se alguém oferecer um valor abaixo do que seu imóvel vale, alegando o aumento dos juros e ameaças fiscais, você provavelmente não aceitará o negócio. Então não é porque estão oferecendo menos por sua cota de fundo imobiliário na bolsa que você terá de vender”, compara Stella.
Reunião do Copom no radar
Para a próxima semana, além das incertezas no cenário fiscal, o mercado ainda acompanha a penúltima reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que deverá ajustar a taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 6,25% ao ano.
O aumento da Selic beneficia as aplicações de renda fixa atreladas à taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que se tornam mais rentáveis e oferecem menos riscos ao investidor. Tradicionalmente, o movimento gera uma migração dos cotistas de fundos imobiliários. Mas, do ponto de vista racional, Stella não vê motivos para mudança de posição.
“A nova elevação da Selic já deveria estar precificada porque há um consenso de que haverá um aumento de um ponto percentual na taxa. Por isso, não espero nenhum impacto nos fundos imobiliários”, avalia.