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O que o mercado espera para a economia em 2023? Veja

Especialistas avaliam que raramente os mercados financeiros se deparam com um cenário tão desafiador quanto 2023. O novo ano é repleto de dúvidas locais e internacionais, que atrapalham as decisões de investimento.

O país começará 2023 com a formação de um novo governo, uma transição que sempre gera incertezas. A indefinição da política fiscal tem enervado os mercados. Governos com tendências expansionistas tendem a superar as expectativas de inflação e juros.

Incerteza sobre o novo governo
Não à toa, em meio às incertezas e dúvidas, uma das opiniões unânimes no mercado é manter os juros em patamar elevado. Quanto tempo isso vai durar é uma incógnita. Segundo especialistas, depende da política fiscal. O que é certo é que a postura do novo governo sobre o tema afetará a política monetária, outro consenso das análises de mercado.

Como resultado, o ambiente para as ações foi até sombrio para começar o ano. Altas taxas de juros não tendem a andar de mãos dadas com o entusiasmo do mercado de ações.

Além disso, a situação internacional que afeta a bolsa de valores local em geral não parece ser otimista: incerteza contínua sobre a política monetária e a economia dos EUA, preocupações contínuas com a guerra na Ucrânia, reabertura da economia chinesa em meio a novos surtos de doenças e o impacto sobre a economia global Restrições econômicas contra a covid-19 em meio a temores de recessão.

Ubirajara Silva, gerente da Galapagos Capital, espera um início de ano difícil tanto no Brasil quanto no exterior. Aqui, disse ele, o primeiro mandato tende a ser mais desafiador e o segundo mandato mais fácil. Propõe estratégias para o Réveillon neste ambiente.

alto interesse
“Com taxas de juros oferecendo retornos atrativos, o investidor pode ficar na renda fixa no início do ano, que é mais desafiador, e depois ir gradativamente para a renda variável”, opinou. Segundo o treinador, isso pode ser feito aproveitando as quedas do primeiro tempo para “estabelecer posições longas para vencer no segundo tempo”.

Para Sérgio Evangelista, gestor de carteiras da Western Asset, 2022 pode ser uma repetição do ano novo, com os investimentos atrelados ao CDI se tornando a opção de investimento mais atrativa “com a ajuda do Banco Central (BC)”.

Evangelista comentou que a alta da Selic e consequente alta do CDI tem prejudicado as bolsas de valores ao tornar a renda fixa mais atrativa. “A questão é o que o banco central fará com as taxas de juros em 2023”, acrescentou.

Para ele, a implementação da política monetária dependerá muito da política fiscal do novo governo do presidente Lula, que tem sido acusado de expansionista ao jogar suas cartas por meio da PEC transitória. “Esses custos poderiam ter lugar nos livros fiscais”, comentou.

A variável-chave na equação é o arcabouço fiscal, que deve ser elaborado em agosto. Evangelista avaliou se isso permitiria ao Banco Central (BC) manter a política monetária hawkish por mais tempo. A dúvida, disse o gerente, é se o novo governo vai criar políticas fiscais que favoreçam os empregos do BC.

Com isso, “esses 13,75%, a atual taxa Selic, deve permanecer nesse patamar por mais tempo e manter a renda fixa bastante atrativa”, comentou Evangelista. Para ele, “o BC terá espaço para baixar os juros se a âncora fiscal der certo”.

Tesouro Selic e Tesouro IPCA
Na dúvida, ele disse que os ativos de renda fixa mais indicados neste início de ano são os indexados à Selic, como o Tesouro Selic; a inflação, como o IPCA do Tesouro, porque “as expectativas de inflação são relativamente altas”, e o CDI, como como títulos privados, incluindo títulos.

Jayme Carvalho, planejador financeiro da Planejar (associação brasileira de planejamento financeiro), disse que o cenário de incerteza aconselha os investidores a serem mais cautelosos e conservadores. Ele vê oportunidade na renda fixa, incluindo títulos indexados à Selic e CDI, indexados a índices de preços e até prefixados, desde que não tenham vencimentos muito longos.

Rodrigo Mendonça, sócio da Valora Investimentos, destacou o forte crescimento do setor de renda fixa, principalmente fundos de crédito privado, impulsionado pelas altas taxas de juros em 2022.

Em relação à manutenção das taxas neste patamar no curto e médio prazo, ele disse estar “muito otimista com renda fixa, principalmente no mercado de crédito privado, como títulos, CRIs (certificados de recebimentos de imóveis) e CRAs (certificados de de receitas do agronegócio).

risco de crédito privado
No entanto, Mendonça lembra que a seleção de ativos de crédito privado deve ir além da rentabilidade. “É muito importante que os investidores sejam mais cautelosos na escolha de ativos ou fundos. À medida que as condições macroeconômicas se deterioram, o risco de crédito aumenta fortemente na dinâmica do crédito privado.”

A preocupação com o risco de crédito é justificada, pois os títulos de emissão privada não são cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante amortização de até 250 mil reais por caixa central de previdência.

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