Dado o fato de que os juros líquidos costumam ser muito mais altos do que a poupança proporciona, já vi muitos especialistas justificarem investir diretamente em letras do Tesouro.
Recentemente, o Tesouro Direto, plataforma de negociação de títulos públicos federais, passou por três importantes reformas: mudança no nome dos títulos a serem negociados, redução do valor mínimo de investimento e aumento da liquidez.
Os investidores estão autorizados a comprar 1% dos títulos públicos hoje sob novas regras. No caso da LFT (agora denominada Tesouro Selic 2021), o investimento mínimo passou a ser inferior a 70 reais (1% de 6.750,54 reais).
O resgate de investimentos também ficou mais fácil: os investidores comuns podem vender seus títulos sob a garantia de recompra do tesouro do Estado.
Assim, há uma oportunidade para os pequenos investidores começarem a investir neste tipo de investimento. No último mês de março, o volume de negócios da plataforma ultrapassou 1 bilhão de reais, e os investidores cadastrados ultrapassaram a marca de 480 mil.
Mas diante dessa nova porta, surge uma pergunta inevitável: investir em Tesouro direto é realmente melhor do que investir em poupança? Afinal, quando é mais vantajoso investir diretamente em letras do Tesouro do que em poupança?
Alguns custos para solicitar o Tesouro Direto
Enquanto a poupança é um investimento isento de imposto de renda e taxa de administração, o Tesouro Direto incorre em alguns custos adicionais, como veremos:
1) Imposto de Renda
Os eventos de IR variaram de 15% a 22,5% da produção, dependendo do tempo de manutenção da aplicação. Portanto, se o valor do investimento for resgatado em até 180 dias, o evento de IR será de 22,5%. Se o resgate ocorrer após 720 dias, o IR será de 15%.
2) Taxa de Administração
Essa taxa varia de acordo com a corretora ou banco usado para acessar esse investimento. As taxas de administração variam de 0% a 2% ao ano e incidem sobre o investimento total.
3) Taxa de Custódia BM&FBovespa
Essa taxa de juros é fixa e permanece em 0,3% do valor do investimento ao ano.
Com base nesses custos, podemos fazer uma simulação rápida.
Tesouro direto x poupança
Para nos dar uma ideia melhor, resolvi fazer uma simulação rápida onde uma pessoa tem 100,00 reais para investir. Vamos ver o que acontece se ela investir sua poupança, o que acontece se ela investir em Investimentos Diretos do Tesouro.
Para facilitar o cálculo, assumimos uma taxa Selic de 13% ao ano e uma taxa de administração negociada com uma corretora de 0,1% ao ano.
Situação 01 – Prazo de aplicação inferior a 180 dias
Como primeiro caso, vamos supor que nosso investimento de R$ 100,00 seja mantido por 5 meses (150 dias).
Sobre a poupança, ganhamos cerca de 0,5% de juros mensais. Ao final de 5 meses, adicionaremos 102,60 reais.
No Tesouro Direto passaremos de R$ 100,00 para R$ 105,22 no período de 5 meses, levando em consideração a taxa Selic de 13% ao ano. Entretanto, desse valor total de resgate, devemos deduzir a taxa de custódia (0,3% a.a.), taxa de administração (0,1% a.a.) e 22,5% de imposto de renda. Ao final, restarão 103,63 reais.
Situação 02 – Prazo de aplicação superior a 720 dias
No segundo caso, nosso valor de investimento inicial permanece o mesmo (R$ 100,00), mas o prazo passa a ser de 2 anos (720 dias).
Então, em termos de poupança, ao final dos dois anos, nosso valor acumulado é de 116,64 reais, enquanto na tesouraria direta, o valor está próximo de 123,03 reais (15% IR).
Conclusão: Tesouro Direto x Poupança
Como mostram nossas simulações, o Tesouro Direto se mostra vantajoso, tanto para aplicações com prazo inferior a 180 dias, quanto para aplicações com prazo superior a 720 dias.
É importante ressaltar que a taxa de administração afeta diretamente o resultado final, portanto, altas taxas podem tornar a Conta do Tesouro Direto desvantajosa em relação à poupança.
Tudo isso reforça o que os especialistas vêm defendendo há algum tempo: diante da alta da Selic, não há mais motivos para investir na poupança. O Tesouro Direto é um investimento tão conservador e seguro quanto a poupança, mas com um retorno líquido muito maior.
